quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Corrupto chega ao poder através do voto popular (?) quem são os cúmplices de Portimão?


Está confirmado o que se temia. Um candidato manifestamente corrupto acaba de abraçar o poder autárquico na província de Tete, mais concretamente no Município de Moatize. Carlos Portimão candidato da Frelimo a edil de Moatize levou a melhor diante do seu concorrente directo (8910 vs 3024) ou seja (74.66% de votos contra 25.34%), mesmo depois da sua infrutífera mas flagrada tentativa de subornar uma magistrada do Ministério Público. Nada poderia ser mais asqueroso, na divulgação dos resultados das quartas eleições municipais.

A verdade é que enquanto não se provar com evidências claras que naquele Município houve alguma fraude que levou Portimão ao poder, então o povo na sua mais legítima liberdade de escolha é que o elegeu para dirigir os destinos da autarquia de uma das províncias mas cobiçadas de Moçambique.

Portimão foi flagrado a tentar subornar uma magistrada, foi detido, julgado e condenado. Tudo no mesmo dia e retornou à liberdade em menos de 24 horas. Este é, de resto, um caso insólito, num país em que as deficiências paralíticas da Administração da Justiça permitem que os cidadãos aguardem meses a fio a espera do seu julgamento.

Depois de ter falhado o plano de abafar o caso, o que resultou na mediatização quase generaliza do mesmo (só os órgão públicos de comunicação é que não falaram do assunto), a Frelimo saiu em protecção do seu candidato e tentou distorcer os factos. Para a surpresa de algumas pessoas, a maior força política de Moçambique, no poder desde 1975, ainda declarou seu incondicional apoio ao corrupto candidato.

A manutenção de Carlos Portimão como candidato à edil pelo batuque e maçaroca, mesmo depois do seu envolvimento em crimes de evidentemente flagradas, foi o sepultar de toda a farsa por detrás da qual a Frelimo se esconde quando fala de combate a corrupção e enriquecimento ilícito, nepotismo, entre outros males de que enferma o país. Na verdade, com a sua atitude a Frelimo assumiu publicamente o que de mais vil e repugnante existe na sua essência. A corrupção e ambição desmedida pelo poder.

Em poucos dias, Portimão vai assumir o poder. Vai dirigir o Município que se encontra na “terra prometida”, Tete. Mas isso não é problema dele, mas sim dos que o elegeram. E mais do que estes, é problema da sociedade moçambicana que ainda mantém apático diante de situações de clara agressão a moral, respeito e boa governação. Neste momento, apetece dizer que o que no dia das eleições ouvi de muitos amigos e desconhecidos: Um povo que elege corruptos não é vítima. É cúmplice.

Assumindo hipoteticamente que em Moatize, a Frelimo não teve a baixeza de orquestrar uma fraude eleitoral tal como fez noutras autarquias em que isso foi denunciado e provado, então devemos reconhecer a população como cúmplice de Portimão. A questão é e nós os outros o que faremos com esta situação?

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