terça-feira, 9 de setembro de 2014

A qualidade das notícias deixa a desejar


O baile de máscaras, tal como alguém apelidou a campanha eleitoral, voltou. Cada candidato e o seu respectivo partido político promete tudo e mais alguma coisa para conseguir convencer os eleitores a votarem nele no dia 15 de Outubro, data marcada para a realização da quintas eleições gerais.
Desde a madrugada do dia 31 de Agosto, as ruas andam inudadas de panflectos colados às paredes, postes, árvores, carros, e em quase todos os espaços públicos. Não fosse o tratamento que é dados a essa material depois de terminada a campanha, até não haveria muitos problemas na forma como é usado. Mas o facto é que, assim que está a ser usado hoje, o mais provavel é que permanença nesses locais, não só nas próximas semanas nem meses, mas nos próximos anos. Até quando os efeitos da mãe natureza decidirem arranca-los à força dos locias onde estão a ser colados. Mas enfim, este texto não é o próposito dessa matéria.
A mim interessa neste momento falar do papel que está a desempenhar a imprensa no meio de teatro político que estamos a viver na consolidação da nossa democracia.
Analisando a abordagem jornalística dada a campanha eleitoral constata-se que há muita baixa qualidade nas matérias. Muitos meiosde comunicação social limitam-se a descrever as jornadas dos candidados e dospartidos e sua agendas: onde estiveram e onde estarão no dia(s) seguinte(s); apresentam o balanço das actividades de campanha e dão eco à algumas promessas que no fundo acabam sendo sempre as mesmas. Ninguém dos media traz uma abordagem que ajudem o eleitor a tomar a melhor decisão.
“(...) DavizSimango escalou cinco localidades dos distritos de Gurúè e Mocuba, onde interagiu com os eleitores. Na sua mensagem, explicou por que é a melhor escolha para dirigir o país e fez demonstrações de como se deve votar nele e no seu partido, assim como apelou à maior participação do eleitorado nas mesas de voto no dia da votação”. Isto é apenas um exemplo que se escreve, vê e ouvi nos meios de comunicação.

A qualidade das notícias deixa muito a desejar.  Pode se dizer que o produto oferecido pela imprensa não transmite nenhum conhecimento mais aprofundado ao eleitor. A imprensa não inova na sua abordagem, não cria debate e não questiona a viabilidade de certas promessas que são atiradas no meio de uma multidão de eleitores que muitas vezes e desde os tempos passados está habituada a oferecer seu voto em troca de uma capulana e/camisete e pelo programa de governação que cada um dos candidatos apresenta.

Nesse andar da carruagem apercebe-se com muita facilidade que a imprensa esqueceu-se de que o seu compromisso é com o leitor. E limitar-se a repassar discursos de políticos desesperados nesta processo de caça ao voto é além de ridiculos furtar-se do seu papel de informar e formar. O que significa, nesse caso concreto, gerar conhecimento para o leitor através do qual ele tomará suas próprias decisões.



domingo, 31 de agosto de 2014

O Retorno do baile de máscaras


Marcha contra raptos e de apelo à paz em Maputo

Anexo de uma Escola Primária algures na Matola, foto tirada durante a campanha eleitoral 2013 

Marcha contra a aprovação de regalias milionárias para os deputados e PR



sexta-feira, 16 de maio de 2014

A inocência que nos levará à cova

Quando a 31 de Outubro de 2013 o povo moçambicano saiu à rua, numa marcha pacífica, para dizer de forma uníssona BASTA aos raptos, sequestros e todo tipo de criminalidade que assola o país e igualmente exigir a paz aos beligerantes [Governo e partido Renamo] que estavam - e infelizmente continuam - a matar inocentes numa guerra não declarada, pessoas com "visão futurística" auguraram que aquela era a uma "demonstração inequívoca" de que dali para diante seria "impossível governar sem ter em conta a vontade popular".

Efectivamente, as marchas que se seguiram àquela demonstram que a sociedade moçambicana, pelo menos a que reside nos grandes centros urbanos, está a acordar para vida. É só recordar que num passado recente, as organizações da sociedade civil que actuam no país, desfilaram em direcção a Assembleia da República para exigir a retirada na proposta de Código Penal de artigos que constituíam um insulto à dignidade da mulher e demonstravam a putrefação moral dos legisladores. A marcha teve sucesso e os dispositivos foram retiradas. 

Hoje, mais uma vez, homens e mulheres, saíram novamente à rua e exigiram a não promulgação das leis que estabelecem regalias milionárias para os deputados e Chefes do Estado, num país onde a maioria vive numa pobreza extrema e degradante. Mas apenas foram menos de mil (1.000) pessoas estivaram na marcha. Na verdade fala-se de cerca de 500 pessoas. Moçambique tem mais de 22 milhões de habitantes. A pergunta que fica é: onde estavão as restantes vítimas da golpada de mestre dada pelos governantes?  

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Governo contra liberdade de imprensa

Governo moçambicano silencia rádio comunitária que divulgou informação que confirma a presença de homens armados da Renamo na província de Inhambane, pelo porta-voz do partido.      

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Corrupto chega ao poder através do voto popular (?) quem são os cúmplices de Portimão?


Está confirmado o que se temia. Um candidato manifestamente corrupto acaba de abraçar o poder autárquico na província de Tete, mais concretamente no Município de Moatize. Carlos Portimão candidato da Frelimo a edil de Moatize levou a melhor diante do seu concorrente directo (8910 vs 3024) ou seja (74.66% de votos contra 25.34%), mesmo depois da sua infrutífera mas flagrada tentativa de subornar uma magistrada do Ministério Público. Nada poderia ser mais asqueroso, na divulgação dos resultados das quartas eleições municipais.

A verdade é que enquanto não se provar com evidências claras que naquele Município houve alguma fraude que levou Portimão ao poder, então o povo na sua mais legítima liberdade de escolha é que o elegeu para dirigir os destinos da autarquia de uma das províncias mas cobiçadas de Moçambique.

Portimão foi flagrado a tentar subornar uma magistrada, foi detido, julgado e condenado. Tudo no mesmo dia e retornou à liberdade em menos de 24 horas. Este é, de resto, um caso insólito, num país em que as deficiências paralíticas da Administração da Justiça permitem que os cidadãos aguardem meses a fio a espera do seu julgamento.

Depois de ter falhado o plano de abafar o caso, o que resultou na mediatização quase generaliza do mesmo (só os órgão públicos de comunicação é que não falaram do assunto), a Frelimo saiu em protecção do seu candidato e tentou distorcer os factos. Para a surpresa de algumas pessoas, a maior força política de Moçambique, no poder desde 1975, ainda declarou seu incondicional apoio ao corrupto candidato.

A manutenção de Carlos Portimão como candidato à edil pelo batuque e maçaroca, mesmo depois do seu envolvimento em crimes de evidentemente flagradas, foi o sepultar de toda a farsa por detrás da qual a Frelimo se esconde quando fala de combate a corrupção e enriquecimento ilícito, nepotismo, entre outros males de que enferma o país. Na verdade, com a sua atitude a Frelimo assumiu publicamente o que de mais vil e repugnante existe na sua essência. A corrupção e ambição desmedida pelo poder.

Em poucos dias, Portimão vai assumir o poder. Vai dirigir o Município que se encontra na “terra prometida”, Tete. Mas isso não é problema dele, mas sim dos que o elegeram. E mais do que estes, é problema da sociedade moçambicana que ainda mantém apático diante de situações de clara agressão a moral, respeito e boa governação. Neste momento, apetece dizer que o que no dia das eleições ouvi de muitos amigos e desconhecidos: Um povo que elege corruptos não é vítima. É cúmplice.

Assumindo hipoteticamente que em Moatize, a Frelimo não teve a baixeza de orquestrar uma fraude eleitoral tal como fez noutras autarquias em que isso foi denunciado e provado, então devemos reconhecer a população como cúmplice de Portimão. A questão é e nós os outros o que faremos com esta situação?

domingo, 20 de outubro de 2013

A situação de Moçambique é de quase guerra


"Quando a morte de um ser humano, causada pela acção consciente de outro homem, não é crime isso quer dizer que estamos em guerra.”

(Continua)