"Tu julgas o gajo
porque ele é gay e ele tem que se comportar como se não fosse para não ser
reprimidos…(…)”
Rapper, Valete.
A ministra moçambicana da Justiça, Benvinda Levy,citada pela Rfi, recorre “a questões culturais e religiosos” para justificar a não formalização da LAMBDA. Uma justificação que desagua no vazio.
“Todos os
cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos
aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar
de nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos
pais, profissão ou opção política,” Constituição da República.
Este artigo, que inicia
logo com duas citações, vem acrescentar-se a outros, poucos, que retratam uma
situação clara de discriminação protagonizada pelo Estado moçambicano contra as
minorias sexuais (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) no país.
É
que a mais de cinco anos que
a Associação Moçambicana para a Defesa das Minorias Sexuais (LAMBDA) luta, sem sucesso, para ter uma existência legal no país
através do Ministério da Justiça. Contudo, esta entidade, responsável por
tramitar o processo, não está a dar o devido procedimento ao caso. E mais do que isso, não está a clarificar a razão da sua atitude.
A LAMBDA foi criada
em 2006 e posteriormente procurou formalizar sua existência tendo na altura
reunido e submetido os requisitos necessários ao Ministério da Justiça na
expectativa de ver sua legalização concretizada. Mas o Ministério refugiou-se no
silêncio e passados mais de cinco ainda nada aconteceu. Esta atitude apenas
revela de forma evidente o tabu de que se reveste a questão das minorias
sexuais em Moçambique.
A ministra moçambicana da Justiça, Benvinda Levy,citada pela Rfi, recorre “a questões culturais e religiosos” para justificar a não formalização da LAMBDA. Uma justificação que desagua no vazio.
A verdade é que a
questão das minorias sexuais não tem sido alvo de consideráveis debates na
sociedade moçambicana, pois esse parece preferir ignorar o assunto.
Por outro lado, o
país não dispõe de nenhuma lei que trate especificamente das questões deste
grupo social. Por isso, embora a Constituição da República determine que “todos
somos iguais perante a lei, ninguém pode ser criminalizado por discriminar
as pessoas em função da sua orientação sexual.
A LAMBDA não tem
nenhuma dúvida, o Estado moçambicano, que "recusa" legalizar a agremiação, é o principal entrave para o crescimento da
associação e responsável pela estigmatizacão deste grupo social.
Recentemente, a
Comissão Nacional dos Direitos Humanos, através do seu presidente, Custódio
Duma, pronunciou-se sobre esse assunto. Duma explicou que “não há nenhum
impedimento legal para que o Ministério da Justiça legalize a associação
moçambicana de defesa dos homossexuais.”
Mas, como a
legalização ainda não aconteceu a questão continua no ar: porque o Governo não
quer legalizar a LAMBDA?
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