domingo, 1 de setembro de 2013

Quem falará das sequelas de uma década de mandato

Na história de Moçambique, nunca um presidente da República precisou tanto de ser 'polido' como sucede com o actual Chefe do Estado, Armando Guebuza. Também nunca nenhum outro presidente criou, com sua governação, tamanho descontentamento nos cidadãos.
Os assessores de Guebuza cientes da sujidade de que ele enferma, neste derradeiro momento final do seu mandato, usam a imprensa 'alinhada', que sobrevive graças aos impostos pagos pelos cidadãos, para limpar a sua imagem e, pior ainda, para entulhar as cabeças dos moçambicanos de ilusórias ideias de que o presidente é/foi um bom samaritano. Mas todo mundo sabe que isso não é verdade.
O jornal Noticias, a TVM, a RM e a AIM fazendo uso do detergente tira-nódoa e vestindo a capa de pseudo-órgãos de informação pública e independente vivem um verdadeiro momento frenético, se desdobrando em viagens às províncias, distritos e localidade, na busca de obras que testemunham uma decada de mandato d’O Chefe Guebuza.
Os quatros órgãos públicos, por exemplo, já começaram a publicar reportagens sobre os feitos do falso deus moçambicano. A reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa é a bandeira das obras que testemunham o caminho do “iluminado filho mais querido da pátria.” 
O que os promotores desta insultuosa iniciativa não percebem é que serão necessários, no mínimo, o dobro de mandatos que Guebuza teve para se limpar da memória o 'covil de descontentes' em que se transformou o país durante a maldita governação.
O Notícias diz no seu artigo publicado no dia 27 de Agosto que a reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para Moçambique, (…) "marca os mandatos de Armando Emílio Guebuza, como Presidente da República.” Isso não deixa de ser verdade, mas a população, mesmo nas zonas urbanas, para não falar do meio rural, continua receber uma corrente eléctrica de extrema precariedade.
A paz e estabilidade política invocadas nessa edição do Noticias como tendo sido “propiciados pela governação de Guebuza,” não existem. Alias, o pais vive um momento de quase guerra, como dizia o acadêmico moçambicano, Luis de Brito. A verdade é que aqui ninguém precisa ler jornal para saber que o país não está em paz. Vivemos com um fantasma da iminência de uma guerra, a tensão vai se extremando a cada dia que passa agudizado pela arrogância do nosso chefe do Estado e seus compadres de poder.

As presidências abertas e inclusivas também são chamadas a testemunhar a década de mandato nessa insípida tentativa de transformar o diabo em deus vivo moçambicano. Mas ninguém fala dos dinheiros gastos com o aluguer de helicópteros nos quais Guebuza se faz transportar durante as suas passeatas, num país onde cidadãos são obrigados percorrer mais de 45 quilômetros para buscar água num charco porque a menos dessa distância não existe nenhuma fonte de água. Num país onde quase metade de população sofre de desnutrição crónica. Ninguém se levante e diz que nessas presidências abertas e inclusivas são uma pré-campanha eleitoral e que as pessoas que sobem no palanque para serem ouvidas pelo presidente são escolhidas a dedos e só revelam os problemas permitidos.

Fala se dos sete milhões, um fundo supostamente criado para dinamizar o desenvolvimento nos distritos, como sendo o motor de desenvolvimento das comunidades, portanto, um sucesso, mas esquecem propositadamente de referir que esta iniciativa é o cúmulo da exclusão económica e que o requisito para dele se beneficiar não é a qualidade do projecto que se apresenta, mas ser membro do partido no poder, a Frelimo.

A verdade sobre as obras que testemunham década de mandato de Guebuza deve ser dita sem reservas.

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